domingo, 4 de dezembro de 2011

Modismos literários: mais do mesmo...


Estamos vivendo um novo fenômeno no campo literário. A tendencia agora são livros com capas em escalas de cinza e pretas, com um objeto colorido que transmite um significado profundo em destaque e um titulo impactante (geralmente constituído por apenas uma palavra que nos provoca um olhar dramático).

Além de capas similares, esses livros também apresentam um conteúdo similar. É como se tivessem descoberto a nova formula do sucesso, e ela é bem simples: Garoto-não-humano-fantástico se apaixona por Garota-normal-que-não-é-tão-normal-quase-sem-sal. Esta sente uma mistura de atracão, amor e medo pelo garoto. Eles ficam juntos. A turma não-humana-fantástica-malvada da mesma especie do garoto quer matar a garota. Eles lutam. A normal-que-não-é-tão-normal-quase-sem-sal e o não-humano-fantástico triunfam, podendo assim desfrutar de todo o amor que lhes foi concedido. Simples assim.

Essa nova "espécie" de livro ao mesmo tempo que fascina alguns, inflama ódio em outros. Eu sou um meio termo entre os dois,mas confesso que depois de tanta mesmice passei a ter uma ligeira inclinação para o ódio. Não consigo entender essa nova tendencia com um certo apelo gótico adolescente. Por que o top agora é um clichê repetitivo e enjoativo? Por que a história que faz sucesso contem como personagens principais um ser sobrenatural - perfeito e uma humana normal que tem um grande potencial escondido? Por que raios agora existem Team Beltrano x Team Sicrano pipocando em todos os cantos do mundo? (Isso só serve para mostrar como o povo tá realmente bitolado).

Quando peguei "Sussurro" pra ler esperava o mais do mesmo de sempre. A sinopse já o tinha colocado na minha listinha negra. Comecei minha leitura. para minha surpresa o prefácio foi animador. Porém o primeiro capitulo acabou com o meu humor, quase desisti da leitura, mas como estava sem nada pra fazer, prossegui. Sorte a minha ter tomado essa decisão.

O livro é muito bom, o tema abordado não havia sido explorado em outros livros do gênero. Becca Fitzpatrick (autora) conseguiu transformar anjos em realidade. O único problema é que a todo momento você tem aquela impressão de já ter visto aquilo em algum outro lugar. Não estou falando que é uma cópia descartada de "Crepúsculo", não mesmo, apenas acho que algumas semelhanças são inegáveis. Um bom exemplo, é que o encontro decisivo entre as personagens acontece na aula de biologia, isso até me faz pensar que essa aula é um tipo de "par perfeito" americano. Está solteira e a procura de um cara incrível? Tenha aula de biologia em uma escola pública norte-americana, seu parceiro de laboratório será seu futuro marido. rsrs

Apesar disso a medida que a historia avança ela vai criando uma característica marcante, uma identidade, e fica difícil fazer grandes comparações. O clima de mistério é envolvente, o final e as explicações dadas pelos acontecimentos são excelentes e surpreendentes. A autora consegue prender a atenção do leitor com maestria.

Os personagens criados por Fitzpatrick são bons, apesar de alguns esteriótipos. Porém a autora construiu o "herói" do livro de uma maneira espetacular. Patch não é perfeito, não é grudento, é bem na medida certa. É impossível não torcer por ele, não negar mentalmente que ele é o vilão da historia. O casal de "Sussurro" é muito bem elaborado."Sussurro" é um livro de linguagem simples e rápida, uma leitura que mantém um ritmo gostoso e que te prende quase do início ao fim. É impossível terminar o primeiro livro e não querer ler o mais rápido possível a continuação da série "Hush Hush".


As capas dos livros:





A autora:




Infelizmente, aqueles que possuem um ódio mortal contra qualquer livro que lembre, mesmo que levemente,
o fenômeno "Crepúsculo"e que tenha o mesmo efeito em alguns fãs alienados, vão odiar o livro sem mesmo ler. Talvez mais por conta de ser modinha e repudiar o que é modinha, do que pelo livro em si. Não espere por nenhum Shakespeare, espere por somente um livro bom em meio a tempos negros na leitura.

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